09 junho 2005

Diário 12


Há no teu rosto
O (en)canto secreto
Do poema sem fim
À procura das palavras
Certas
Que te despem
O olhar
Na volúpia
De uma carícia.

08 junho 2005

Em Braga, Aníbal de trutas nada!

Já não ia a Braga, há mais ou menos, 25 anos. Fui no domingo, já não me lembro em qual. É que tenho tanta coisa em que pensar que ninguém faz a mais pequena ideia. Nem o Governo!
A catraiada tinha acabado de se levantar e eu e a minha sócia decidimos, Eh pá!, em vez de vestirmos o fato de treino e irmos ao hiper comprar línguas de bacalhau para fazer uma salada de anzóis, vamos mas é até Braga. Comer um bacalhau à Narcisa! E assim foi.
O Opel Kadett 1200 tinha ido à revisão, o leitor de CD's estava por estrear, afinal tínhamos o último trabalho do Jaimão pra ouvir e o depósito estava atestado. A bem dizer, o que são 255 Km pela A8, depois pela A1 e finalmente pela A3? Nada!
Havia ainda algum gravetame que tinha sobrado das prestações mensais [do carro, da casa clandestina que temos na Ria Formosa, da máquina de lavar louça e da roupa, do Fundo de Desemprego que tinha recebido a mais, não por minha culpa mas da Segurança Social, do secador de cabelo, da sanita do quarto de banho, do ordenado da sopeira, da casota do cão, e...parece que não falta mais nada; se faltar o credor que se acuse!], afinal o défice e a dívida são do Estado, toca mas é ir laurear a pevide qu'este mundo são dois dias, contando os sábados, domingos e feriados.
Quando chegamos a Braga, fomos logo aconchegar o estômago.
Eu já estava quase passado com os putos a jogar à bola no banco trazeiro e a minha Bina a moer-me a moina por causa do ar condicionado do Kadett não funcionar. Vamos lá ver, ela tinha razão, mas como podia eu conferir o que tinha sido feito na revisão se não quis factura? Sempre poupei o IVA e isso é que ela não percebe. Mas prontos.
Como eu ia dizendo lá fomos ao bacalhau, que por sinal estava bom, comemos três rodadas e até não foi caro. Também não fomos para um vinho de marca! Eu tinha a certeza que o da casa era feito a martelo e servia bem para acompanhar as espinhas e os rabos do fiel amigo. Os putos beberam água del cano, que tem muita fama em Braga. Paguei a dolorosa e saímos.
Depois foi a volta dos tristes: Bom Jesus, Sameiro e Falperra. Tava tudo no mesmo sítio e muito verde. O betão até que nem vi grande coisa!
E como não podia deixar de ser, fomos ao novo Estádio de Braga.
Bela peça! Visitas guiadas para o turistame interno e às 4 horas assistimos, da tribuna VIP, a um jogo transmitido no écran gigante do estádio para, ao que me disseram, poupar a relva.
Ficámos também a saber que é o maior écran de Portugal. Eu confesso que nunca tinha visto nada assim. Só estou habitado ao ecran de 46 cm da televisão da cozinha.
A partir dali, lá continuámos a passeata. Aonde vamos ou não vamos, lá me decidi. Como pescador militante, convenci a Bina e os putos a irmos até ao Rio Este lá prás bandas da Rodovia. Preparei a cana telescópica, último grito comprado às prestações, e lancei-me na pescaria. A Bina ficou a fazer crochet no Kadett e os putos foram dar uns pontapés na bola.
Eh pá, esperei, esperei, esperei, e não picava nada. Pensei que era por ser domingo. Mas não. Então dei por mim a pensar o que era feito das trutas que o Mesquita Machado tinha anunciado ou prometido aos bracarenses. Para que fique claro, a mim não prometeu nada. Adiante.
Ainda pus a hipótese de elas [trutas] terem horas para passar naquele sítio, ou então que tivessem ido almoçar ao viveiro da Caniçada e ainda não tivessem voltado. Qual quê, Tone?
É certo que havia malta que passava por ali e ficava a olhar para mim. Bom, pensei que me conheciam da televisão quando fui ao Preço Certo a ver se abichava o prémio para mobilar a minha casa na Ria Formosa. Mas não!
A certa altura, um senhor bem educado, e com postura de político da oposição, abeirou-se de mim, meteu paleio, blá-blá, para cima e para baixo, até que me disse que era o Presidente da Junta daquele sítio. Lá me apresentei também, disse-lhe que era da Magoita do Ribatejo e estava ali por paixão à pesca da truta, que tinha licença, trréu-péu-péu, trutas nem vê-las...e que tinha lido uma notícia nos jornais em que o Presidente da Câmara [já sabem da promessa, não é verdade?].....tenho de abreviar que se faz noite!
O homem desata à gargalhada, fininha e comedida. Confesso que nunca vi ninguém a rir-se assim, mas, paciência!, pensei que era jeito próprio da idiossincrasia do povo da região.
Finalmente, a verdade lá veio à tona da água. Aquela que mais me custou a ouvir.
"Não há trutas, meu amigo! Foi só mais uma promessa do Mesquita", disse-me o dito senhor, de sua graça Firmino, e Presidente da Junta. Por ele, já lá estavam. Nem que fossem de plástico!, rematou convencido.
Aí pirei de vez! Berrei à Bina, meti os putos no Kadett e prometi que só voltava a Braga daqui por 25 anos. Pode ser que as trutas já tenham nascido. Pelo sim, pelo não, como pescador e homem de fé, lá deixei uma velinha acesa à Senhora do Sameiro! Pode ser que o milagre aconteça!

À Superior Consideração do Exmo. Senhor Presidente da Câmara de Braga.
O prometido é devido e não de vidro!

Vamos muito mal Aníbal

dos Indicadores de Exclusão. É preocupante, sim senhor.

Um estudo que encomendei à ONG "S.O.S. Exclusão Por Partes", revela que pela 1ª vez a exclusão não atinge somente as partes de baixo.
O fenómeno estendeu-se já às partes de cima e parece ser estrutural. O que me preocupa.
Aquela organização ilustra as suas conclusões, referindo nomeadamente os casos de Isaltino de Morais, Major Valentim, Fátima Felgueiras, Narciso Miranda, Manuel Seabra, Santana Lopes e outras partes de cima que seria fastidioso referenciar, dado que não fazem a abertura dos Telejornais.


À Consideração Superior de Sua Excelência o Ministro do Trabalho e da Segurança Social.

Então, até logo! Vou-me, que tenho a catraiada a berrar pelo almoço.

Por favor, dêem-me uma ajudinha...


Onde está o deputado(a) que me representa?
Por acaso não é aquele senhor de chapéu, ou a senhora grávida?

Olha a Ana Drago lá ao fundo! Desde que disse que "o sexo só é porco, se não tomarmos banho", eh pá, fiquei fã dela. Só é pena que tenha pouco osso, prontos!

Vá lá, ajudem-me a encontrar o meu deputado ou a minha deputada.
Prá próxima dou-lhe uma esmolinha! Carago, eu disse esmolinha?!
Esmolinha não, carago. O voto.

Até que Aníbal de Maratonas, a coisa até vai...


Podem-me dizer em que lugar vai o Sócrates?

Sei lá, digo eu que...


Ou não será, Senhor Director do "Expresso"?

Ora Vossa Excelência pensa e diz que "... o trabalho não é uma coisa má mas uma coisa boa", desfazendo-se em exemplos para apoiar a sua espúria* tese. E dando largas ao seu jeito de padreco de paróquia, aponta o dedo a parte da esquerda "que considera que o trabalho é uma coisa má", além dos outros [ou seja, a maioria do maralhal] que pensam que "quanto mais depressa uma pessoa se livrar dele [trabalho] e se reformar, melhor".

Quer a minha opinião, Senhor JAS? Aqui jaz a dita, com a sua benevolente permissão. Só um pequeno {} e já lá vamos. Eu acho, mas acho mesmo, que Vossa Excelência está a passar por um período de "embolia" intelectual, o que não deixa de ser preocupante Aníbal de saúde pública. Diz também o meu achómetro que Vossa Excelência terá tido dificuldades no exame final do antigo 5º ano do Liceu e que o impacto de longo prazo é o que se vê. Mas adiante que se faz tarde e tenho de ir deitar a catraiada.

No que a mim me toca, tenho uma opinião formada: Livrar-me do trabalho sim, reformar-me não.
Sabe, eu sou daqueles que acreditam que há mais vida [e que vida!] para além do trabalho.
Acha que penso mal? Vossa Excelência melhor julgará!
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* Esta do adjectivo "espúrio(a)", aprendi com o Zé Magalhães, o que já foi deputado e agora é ajudante de ministro, isto sem ofensa! Se alguém ofendeu, foi, um belo dia, o Senhor Aníbal de Boliqueime. Não, não é esse que tem a casa de alterne ao Km 73 da 125.

06 junho 2005

Aníbal

de Presidenciais, nada de novo. Está tudo à defesa. O tabu continua, a bem da democracia.
Eu até acho que Aníbal de eleições, com tanta poupança, a coisa devia ficar por aqui.

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