27 abril 2010

Diário XXXL

[Recomendação ao "carteiro": o endereço é o mesmo do Diário anterior]
Olho-te nos olhos sempre que o meu desejo
te quer e consumo o teu olhar
naqueles segundos breves
que não podem ser diferentes
quando nos encontramos
por dever do ofício ou circunstâncias do acaso.
[e tu sabes que os teus olhos,
por eles, não fogem dos meus]
Mas se o teu olhar
recusar o meu,
Ah!, então, o negro do teu olhar
é luto, meu amor.

Informatiquices

O meu disco rígido [a que prefiro chamar "duro", porque ainda gosto de falar português] estava cheio. Algum lixo e uma partida de um qualquer vírus informático que quis os seus 3 minutos de fama.
Tive de "delitar" algumas fotos, contaminadas. As tuas, deixei-as ficar por inteiro porque não há vírus que te penetre;
não sei se este é o termo, mas a minha experiência contigo é que me faz falar assim.

Tributo a um sofrimento vizinho

Os olhos dela estavam carregadamente vermelhos, que as lágrimas acentuavam cruelmente. E o coração certamente destroçado pela tristeza da partida de quem muito se ama.
Às vezes penso que Deus não é único. Há um deles, pelo menos, que é injusto e não se livra de uma revolta surda. Mas o tempo tem esse poder divino de nos fazer perdoar, porque esquecer nunca mais!

Arcília preocupada

Arcília é hoje uma mulher preocupada. Pode ser exagero, mas exagerada será a preocupação. O filho mudou de voz, sinal de que ela envelheceu.
Arcília esqueceu-se que do mesmo mal padeceu a sogra e que sempre lho escondeu.

Moments

[01]
Atravessou a rua sem eu dar por ela.
Subiu o passeio do jeito que sempre o fez.
Quando a vi, tornei-me invisível.
Há reencontros que não podem nunca acontecer.


[02]
arrisquei a ideia de um dia
fazer amor com a Adília Lopes
[aquela que se arrisca a ser a minha poetisa de cabeceira].
só arrisquei a ideia, juro,
porque ela não acha piada nenhuma
a coisas tão sem importância,
se bem a conheço daquele poema
em que abomina o sexo ridículo.


[03]
voltei a ela
quando o combóio a largou
no cais da Piedade.
Um sítio que nada nos diz
e a ela muito menos
excepto quando me pediu
para a levar a um qualquer lugar
onde fosse feliz
nem que o fosse por breves segundos.
hoje descobri o nome dela
no jornal da vida:
tinha sido violentamente sovada
e violada.
à solta continua impune
o monstro.

Emily

Emily odeia os feriados ao fim-de-semana e eu também. Mas ambos temos aqueles que são verdadeiros amigos do peito: os feriados à segunda e à sexta. De resto nada mais temos em comum. Emily tem aquilo a que se chama "um feitio especial" que não encaixa no meu "especial feitio". E depois dá ..., pois dá, Emily.

25 abril 2010

O post que faltava hoje

Já lá vão 36 anos. Para que uns não esqueçam e outros saibam que se fez.

25 DE ABRIL

Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo

Sophia de Mello Breyner

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