Apesar de não ser especialista em matéria de "casos", não falta quem me procure para a consultazinha da ordem, acreditando nas minhas capacidades de vidência ou porque já correram Seca e Meca e eu sou a últina tábua de salvação.
Os assuntos e as razões são múltiplas e variadas, do tipo :
“A Sãozinha do Alívio deitou-me as cartas e estava lá, preto no branco, que no Verão do próximo ano eu vou ver-me livre do meu Neca e encontrar finalmente o meu “príncipe encantado”; um chavalo vinte e cinco anos mais novo. Será que ainda vou aturar aquele marmanjo esse tempo todo? E o "doce" quando chegará?”.
Arlete S., 50 anos, industrial de cafetaria.
Minha cara Arlete: A confirmar-se a previsão da Sãozinha do Alívio, o seu desassossego e inquietação ainda vão durar qualquer coisa como um ano e tal, o que pode levá-la a cometer alguma loucura, do tipo encomendar um AVC fulminante pela Internet para o seu marido e passar o resto da vida com remorsos de ter cometido o cybercrime perfeito, ou ser perseguida pela alma do defunto, o que traz um incómodo do caraças. E, olhe!, lá se vai o futuro côr-de-rosa por água abaixo.
Se acha que é tempo demais, há sempre uma saída mais civilizada e expedita. Pode sempre dar com os butes ao Neca, entre um pingo e uma torrada. Mas o meu conselho é, como não podia deixar de ser o de um profissional competente: Para já aguente o Neca e ponha-o de porteiro no seu boteco.
Quanto ao chavalo que lhe cairá do céu, ponha sempre a hipótese muito provável de ser qualquer coisa como um nevão em pleno carnaval brasileiro. Percebe, não percebe? Pois...
Se é alguém que costuma ajudá-la a mudar os barris da cerveja, não é menos certo que é um qualquer lampião em quem você ainda nem sequer reparou. Logo não é excessivo concluir que se até agora o rapazola não mereceu os favores da sua atenção, é porque a peça não representa, como agora se diz, qualquer valor acrescentado relativamente ao Neca.
Portanto, não vá nessa treta dos 25 anos mais novo e da cabeça rapada, com litros de testosterona para sustentar várias famílias. Isso é uma modernice de algumas actrizes e tias nossas conhecidas já fora do prazo de validade.
Portanto Arlete, o primeiro conselho que lhe dou é este: Deixe de ler a Maria! Mas deixe mesmo. Corte radicalmente. Depois, se a minha intuição funciona, três colheres de sopa por dia de xarope de mel e alhos cozidos, trazem-lhe de volta o Neca de outros tempos.
Se ele suspeitar da receita, diga-lhe que é para prevenir a pedra na vesícula.
Experimente e verá que daqui a ano e meio já não se lembra do "embrulho" da Sãozinha do Alívio.
Agora não se esqueça de me mandar os 50 Euros. Não passo recibo porque não lhe desconta no IRS. O que é injusto. Eu fujo aos impostos e você vai ter de chupar com o Neca.
Sem comentários:
Enviar um comentário